Ja errei muito mais do que devia
Hoje estou começando a errar bem menos
Meus deslizes começam a ser pequenos
Bem menores que a ânsia de chegar
Eu sai sem saber como voltar
Eu segui os atalhos do destino
Apanhei pra deixar de ser menino
Hoje apanho tentando não não errar.
Já andei muitas braças, muitas léguas
Tive grandes e enormes bons amigos
Tive vários amores, tive abrigos
Tive abalos, caí, me levantei
Tive acasos, perdi, também ganhei
Meus pecados paguei em alto preço
Me perdoem se acharem que mereço
Se mereço até eu nem mesmo sei
Sei que nada se perdera por completo
Ainda resta um restinho de esperança
Um fiapo, uma nesga de lembrança
De um passado feliz que me marcou
Um poeta, um boêmio, um cantador
Uma prosa, um soneto, uma piada
E uma canção pelas retinas desabou
Meu desafio pelas léguas caminhou
Fui ferido e feri quem me feriu
E ferindo a feria se abriu
Nunca mais suturou, tornou-se chaga
Uma canção de amor me embriaga
Em doses de versos Buarqueanos
E uma bandeira branca em fino pano
Bem no seio da minha alma foi fincada
Foi ficando cada vez mais hasteada
E bem no alto tremula irradiante
Acenando aos poetas mais errantes
Quero paz e o resto a gente enterra
Qualquer mágoa nesta hora se encerra
Meu abraço abre os braços para os teus
E se teus braço chegarem juntos ao meus
Eu abraço e nunca mais teremos guerra.
Autor: Maciel Melo
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